A Microsoft E A Eliminação

Tecnologia

A Microsoft acabou com centenas de outras empresas, que eram seus principais ou potenciais concorrentes.

A Borland era uma empresa que desenvolvia vários softwares como o DBase e o compilador C, que era uma ferramenta bastante usada e muito poderosa que era vendido por US$ 99. A Microsoft comprou um compilador C, renomeou e o vendeu por 89, com prejuízo, porque ela, Microsoft, era bastante lucrativa em outras áreas. Com essa tática, eles tiraram a Borland do mercado, como fizeram com muitas outras, e imediatamente mudaram o preço de seu compilador C para 399. E depois, para 799.

Essa é a Microsoft. Ela distribui o produto com grandes prejuízos ano após ano, até que a concorrência seja destruída e saia do mercado. Depois, ela decide o preço que quiser, pois não há concorrência.

A Microsoft usou essa estratégia com muitos, muitos produtos:
O excelente Wordstar, um editor de textos bastante eficiente e que já vinha da época do MS-DOS, demorava a “rodar” sob o recém criado Windows. Coisa que não acontecia com aplicações nativas da Microsoft. Rapidamente, o MS-Word da Microsoft, passou a ser a referência do mercado.

O mesmo aconteceu com o Lotus 123, substituído pelo MS-Excel e o StoryBoard, da IBM, substituído pelo MS-PowerPoint.

Nas versões mais recentes do Windows, a Microsoft martela o usuário com uma mensagem dizendo alguma coisa assim: “Vamos terminar de configurar o seu computador“. Para a pessoa comum, que representa a grande maioria dos usuários caseiros, essa mensagem é vista com alegria e a Microsoft é considerada a grande parceira deles quando, na verdade, ao concordar com essa mensagem, o Windows vai substituir a maioria dos softwares por outros nativos dela. É o caso do péssimo Edge. Não há o que você faça, ele sempre está presente e sempre aparece. Não importa que você tenha definido um navegador padrão: ele sempre vem à tona.

A Microsoft nunca acreditou realmente na Internet. Bill Gates achava que isso era uma modinha que iria passar logo, até pelos grandes obstáculos técnicos que ela tinha pela frente. Só que ele estava errado e, quando percebeu isso, fez com que seus técnicos desenvolvessem, em tempo recorde, um navegador chamado Internet Explorer.

Essa porcaria, que era distribuída gratuitamente junto com o Windows, não podia ser removido e muita gente não gostou. Alguns chegaram até a procurar a justiça dos EUA para obrigar a Microsoft a fornecer uma ferramenta que permitisse a desinstalação dessa droga. Por outro lado, a Microsoft alegava que o novo Windows era todo baseado no Internet Explorer e ele não poderia ser removido sob pena de afetar o funcionamento de todo o Sistema Operacional. Tudo o que conseguiram foi que a Microsoft facilitasse a instalação e uso do navegador que o usuário quisesse.

Só que, até chegar nisso, o excelente navegador e líder de mercado “Netscape” começava a fazer água. Só não faliu porque a empresa não tinha fins lucrativos e o desenvolvimento não estava relacionado com as vendas do navegador. Hoje a empresa faz parte da AOL, que a adquiriu em 1999, para ver se conseguia fazer o Netscape retornar ao topo. Acontece que o IE já era o navegador padrão da maioria dos usuários e o Netscape acabou virando o navegador open-source Firefox, restrito a quem bem conhecia o IE.

E isso aconteceu com muitos e muitos outros pequenos desenvolvedores.

A história da Microsoft é, por si só, bastante confusa e com muitas versões. Uma delas diz que o pai do Bill Gates era um advogado influente quando a IBM resolveu desenvolver o então IBM PC Junior para concorrer com a Apple. Mas precisava de um software chamado de Sistema Operacional e chamou Bill Gates para desenvolvê-lo e, dizem, que por influência de seu pai. Mas Gates não tinha o perfil de desenvolvedor e nem o conhecimento técnico para isso. Junto com seu sócio, Paul Allen, ele comprou (ou licenciou) um sistema operacional e o repassou à IBM como MS-DOS (Microsoft Disk Operating System).

A arquitetura aberta do novo IBM-PC Jr permitiu que qualquer um, com um mínimo de conhecimento, pudesse construir seu próprio computador pessoal, já que todos os componentes estavam disponíveis no mercado. E cada um deles precisava de um sistema operacional, que era fornecido pela recém-criada Microsoft.

Quando a IBM se deu conta, sua criação, a Microsoft, já era um monstro que decidiu andar com suas próprias pernas. Nesse ponto a Microsoft já estava adquirindo (ou adquirido) uma interface gráfica da Xerox que viria a se tornar o embrião do Windows.

IBM PC-Jr

Pouco depois a IBM ainda tentou lançar a interface gráfica OS2/WARP para concorrer com o Windows, mas não teve sucesso. Convém lembrar que, naquele momento específico, o OS2 era muito superior e muito mais estável que o Windows. Mas não tinha mais jeito e o Windows já liderava o mercado com bastante folga. Muitos fabricantes até já vendiam os equipamentos com o Windows pré-instalado.

Só que nem tudo é tão cinza no horizonte da Microsoft, apesar de que também aqui existe uma guerra de versões. Uma delas diz que a Apple, grande rival da Microsoft, estava passando por sérias dificuldades financeiras quando Bill Gates aportou uma considerável quantia na empresa, salvando-a da quebra. Mas isso não foi de graça: o então todo-poderoso Steve Jobs teve que ceder à Microsoft e permitir a instalação de certos softwares nos computadores Mac. Dizem que foi nesse momento que a Apple deixou os processadores Motorola e passou a usar os da Intel. Outra versão, bem mais prosaica, conta que Jobs optou pela Intel porque eles eram melhores, mais rápidos e com menor consumo de energia.

Há quem defenda a Microsoft incondicionalmente, mas enquanto essa guerra continua, e parece que não vai acabar nunca, vamos agradecer que ainda temos o Linux.

 

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