A Revisão Dos Livros, O Racismo, Intolerância…

Cotidiano

Um pouco sobre o racismo estrutural e outras questões.

Elenco do Sítio

As obras de vários autores, incluindo Monteiro Lobato, estão sendo reescritas ou, como gostam de dizer, revistas.

Como no mundo todo, as obras literárias contêm expressões, frases e descrições racistas ou homofóbicas, frutos de uma época em que essas questões eram toleradas (ou nem isso) ou tratadas com certo humor.

Cleo Monteiro Lobato

A maior obra de Monteiro Lobato, “O Sítio do Pica-Pau Amarelo“, está sendo “revisada” para colocar os personagens dento do politicamente correto. Esse trabalho está a cargo da bisneta do escritor, Cleo Monteiro Lobato, que afirma a necessidade de separar a pessoa do escritor. Só que algumas mudanças foram feitas em várias obras por essa bisneta que sequer mora no Brasil: hoje, Pedrinho é considerado racista no livro “As caçadas de Pedrinho“, Tia Nastácia (que é negra) passou, de grande quituteira e cozinheira do sítio de Dona Benta, para sabe-se lá o quê e outras coisas sem lógica.

Mesmo os antigos desenhos animados da Disney contém textos racistas e mostram animais, em geral pretos, falando frases também racistas.   O inocente desenho “Dumbo” de 1941, retrata três corvos liderados por uma quarto chamado Jim Crow, personagem popular no século 19, usado para zombar das pessoas negras.

O jornal The Telegraph relata que, ao longo da versão revisada da coleção de contos “Os casos finais de Miss Marple e duas outras histórias“, a palavra “nativo” foi substituída por “local”.
Em outra passagem que descreve um servo como “negro” e “sorridente” foi revisada e o personagem agora é simplesmente referido como “o que acena“, sem referência à sua raça.   E no romance de 1937 “Morte no Nilo“, as referências ao “povo núbio” foram removidas (Os núbios surgiram por volta de 4.000 a.C, no Deserto do Saara).

A CNN informa que “as mudanças no material de origem ocorreram depois que os clássicos livros infantis de Roald Dahl, autor de “A Fantástica Fábrica de Chocolate“, receberam tratamento semelhante”.

Ronald Dahl

Alguns argumentam que reescrever a literatura clássica é uma forma de censura. A editora responsável pelas publicações de Roald Dahl, anunciou que lançaria duas versões – uma corrigida e uma clássica – para que aos leitores possam decidir qual delas devem ler. Coisa que beira o absurdo.

A liberdade de expressão é vista de formas bem diferentes conforme o contexto. Um homem nu deitado e sendo tocado por uma criança é chamado de arte no QueerMuseu (segundo a atriz Fernanda Montenegro). Se rotularmos essa bobagem como pedofilia, ela passa a ser censura e cerceamento à liberdade de expressão ou, pior, “censura à liberdade criativa”. É difícil contentar essa gente. O fato é que o mundo mudou e essas mudanças nos fizeram repensar alguns termos que, para nós, eram inofensivos. A inocente peça publicitária “O Primeiro Sutiã” era vista como uma obra prima de publicidade. Hoje ela seria vista como apologia à pedofilia.

Queer Museu – Homem nu, deitado e tocado por criança

A pior forma de aniquilação em massa jamais imaginada por uma cabecinha humana deve ter sido o Holocausto. Mais de seis milhões de judeus foram mortos e incinerados durante a Segunda Guerra Mundial e incontáveis gays, aleijados, pretos…

Mesmo assim o povo judeu comemora esse feito todo dia 27 de janeiro. Nesse dia, em 1945, as tropas soviéticas entraram em Auschwitz, na Polônia. Foram recebidos com muita resistência e milhares de prisioneiros do campo foram libertados, a maioria em situação deplorável, o que custou a vida de 231 soldados soviéticos.

Mesmo assim esse dia foi O intitulado “Dia do Holocausto” para homenagear a memória dos milhões de judeus mortos pelo nazismo. O pior dia da história do povo judeu é comemorado anualmente por razões muito simples: por ser um dia de libertação para os presos, para que ninguém esqueça que isso aconteceu, para que as crianças judias aprendam sobre isso e muitas outras razões. Eles não são burros !

Judeus em Auschwitz

A questão do racismo deveria ser tratada da mesma forma. Hoje em dia existe aquela “forçada” de barra para que as novelas mostrem relações gays ou famílias multirraciais. Alguém chegou a perguntar para Martha Kauffman, a autora do festejado seriado “Friends“, porque não haviam pretos ou gays na história. A mídia afirmou que ela pediu desculpas pela falta de diversidade e doou mais de 20 milhões de reais. Na verdade ela disse que, na época, não havia essa exigência.

Para continuar com as séries televisivas, um dos piores seriados que eu já vi chama-se “Bridgerton“. Nada mais forçado, idiota e incompatível com a época. Mas dizem que faz sucesso, está na terceira temporada…

Essa “luta” pela inclusão social deveria ser tratada como uma questão maior. A escravidão sempre existiu desde que o mundo é mundo. O humano sempre buscou escravizar as tribos rivais em busca de mais território e poder e nunca olhou para a cor da pele, religião ou hierarquia. O Coliseu de Roma está lá, imponente, manchado de sangue cristão e de todas as raças e religiões. As agruras que os escravos, de qualquer raça, e tantos outros passaram deveriam ser lembradas, num dia específico para isso, para que não sejam esquecidas e nunca mais repetidas. Assim como o dia do holocausto.

Porchat e Duvidier no especial de Natal do “Porta dos Fundos”

Recentemente o comediante Fábio Porchat esteve no Vaticano como convidado, junto com um grande grupo de humoristas. Ele estava encantado por estar ali, mas será que ele se lembrou de dizer ao papa que ele interpretou um Jesus gay (veja aqui) num especial do programa “Porta dos Fundos” ? Na ocasião, o local foi atacado com um coquetel Molotov e eles se defenderam (sempre se comparando com os demais idiotas do Charlie Ebdo) como ataque à liberdade de expressão.

Ser a favor da família e religião é ditadura, mas colocar um macaquinho no lugar de Jesus nos braços de N. Sra. é liberdade de expressão.

Deve ser o Fim dos Tempos. Ou apenas o começo deles.

Texto de Renzo Grosso, com adaptações de notícias diversas.

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