Heróis Brasileiros Que A História Esqueceu

Cotidiano

O Brasil comemora seus grandes heróis estampando seus nomes no chamado “Livro de Aço dos Heróis da Pátria” que está no “Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves” em Brasília.

Quando foi criado, só era permitida a gravação do nome de pessoas falecidas há mais de 50 anos e várias outras restrições. Era uma coisa séria, exigia um projeto de Lei seríssimo, que deveria ser aprovado pelo Congresso Nacional e não era qualquer um que podia fazer parte dele.

Panteão da Liberdade

Para se ter uma ideia, desde que foi criado, em 7 de setembro de 1986, até meados dos anos 2000, apenas nove nomes estavam lá. Quando a então presidente Dilma Roussef assumiu a presidência do Brasil, ela alterou as rígidas regras desse Livro para poder homenagear Leonel Brizola, morto alguns anos antes. Daí em diante, houve uma enxurrada de projetos de Lei tentando homenagear qualquer ser que já respirou. Existem projetos para pessoas realmente interessantes e outros meros coadjuvantes, se tanto, no cenário nacional.

Chico Mendes apareceu nele antes de José Bonifácio.

Santos-Dumont só foi inscrito em 2006, 20 anos depois de instituído.

Hoje estamos em fevereiro de 2024, outros 20 anos se passaram, já são mais de 70 “homenageados” e cerca de 50 aguardando a sua vez. Entre os que aguardam, pasme, estão Osvaldo Cruz, Vital Brasil entre outros que, incompreensivelmente, não foram “agraciados”. Temos ali até um soldado morto durante uma ação da Vanguarda Popular Revolucionária (proposto pelo então deputado Jair Bolsonaro, do PP). Daqui a pouco o Panteão vai ficar com a cara da ABL, onde tem de tudo, até escritor.

Livro de Aço

Esse livro é tão sério quanto os padrinhos dos inscritos ou o Nobel Da Paz. Sim, o Nobel que lista nomes curiosos como Barack Obama vencedor não pelo que fez, mas pelo que ele PRETENDIA fazer na presidência dos Estados Unidos. Lindo, não ? E foi ele quem mais fomentou conflitos na história recente. Kissinger, vencedor juntamente com o vietnamita Le Duc Tho, foi um dos homens mais emblemáticos do século XX.  Le Duc Tho recusou o prêmio por acha-lo “forçado” e Kissinger foi um dos mentores de várias ditaduras na sua época. Sim, e ele fez grandes coisas também. E outros nomes que só foram agraciados numa forma de contrariar os mandantes dos países que eles vivem, como Desmond Tutu (África do Sul), Liu Xiaobo (China), Soljenítsin (União Soviética) e muitos outros.  Alexei Navalny seria um fortíssimo candidato se não tivesse morrido.    O Nobel é uma ótima ferramenta para isso: ele agracia um dissidente para cutucar os mandatários do regime imposto nesse país.

Abaixo, alguns nomes que merecem ser lembrados (entre muitos outros não listados aqui):

Osvaldo Aranha – ONU
Em 1947, o Presidente Eurico Gaspar Dutra nomeou o diplomata Osvaldo Aranha como Chefe da Delegação Brasileira na ONU. Nessa função ele acabou sendo nomeado Presidente da Assembleia Geral que iria tratar da questão da divisão da Palestina, ou a Resolução 181. Segundo alguns historiadores, a participação de Osvaldo Aranha no episódio só não foi maior do que os sionistas na articulação da Resolução 181 ou “Plano da ONU Para a Partição da Palestina”, em 1947. Aranha, como presidente da Assembleia, tinha nas mãos o poder de colocar a resolução em votação, mas não o fez, porque sabia que ela não seria aprovada naquele momento, pois eram necessários 2/3 ou 38 votos da casa, na época com 53 nações.

Ele adiou a realização Assembleia até que Ben Gurion conseguisse os votos necessários e não, ele não deu nenhum voto de minerva !  Veja essa história aqui.

Tenente Danilo Moura

Tenente Danilo Moura – FAB
História real desse aviador que foi abatido na Segunda Guerra Mundial e passou pelas linhas inimigas até retornar à sua base, onde ele era dado como morto. Assista ao vídeo: https://youtu.be/yhYr6JMPcm8

Aracy Guimarães Rosa

Aracy Guimarães Rosa
Também considerada uma grande heroína por salvar vários judeus do extermínio, ao fornecer passaportes brasileiros. Ela era uma alta funcionária do Consulado Brasileiro na Alemanha e fez o que pôde para emitir os documentos. Ela era casada com o escritor Guimarães Rosa de 1938 até 1967 e, vale lembrar, que ela contrariava totalmente as ordens do então presidente/ditador Getúlio Vargas, que tinha certa simpatia pela Alemanha Nazista.

O livro de Guimarães Rosa “Grande Sertão: Veredas“, de 1956, foi dedicado a Aracy.

 

Anita Garibaldi

Anita Garibaldi
Ela foi considerada a “Heroína dos Dois Mundos” junto de seu marido, Giuseppe Garibaldi. Ela participou, no Brasil e na Itália de diversas batalhas. Lutou na Revolução Farroupilha (Guerra dos Farrapos), na Batalha dos Curitibanos e na Batalha de Gianicolo, na Itália. Eles estiveram presentes em diversos países sul-americanos e Giuseppe foi um dos expoentes da unificação italiana.

Jovita Feitosa

Jovita Feitosa
Aos 17 anos, a cearense Antônia Alves Feitosa (1848-1867), conhecida como “Jovita”, travestiu-se de homem para lutar na Guerra do Paraguai. Mesmo com sua identidade desmascarada, foi aceita no corpo de voluntários e ganhou fama nacional, mas foi impedida de ir ao campo de batalha. Foi incluída no Livro das Heroínas da Pátria em 2017 e hoje dá nome a uma importante avenida da capital do seu estado

Lima Barreto
Afonso Henriques de Lima Barreto foi um escritor carioca, que nasceu aos 13 de maio de 1881 e faleceu em 1 de novembro de 1922. Negro, Lima Barreto era filho de um tipógrafo e de uma professora; foi jornalista e escritor e, testemunha ocular do golpe de Estado que proclamou a República no Brasil. Ainda hoje é considerado um dos maiores expoentes da literatura nacional e obras como “Triste Fim de Policarpo Quaresma“, “Marginália” e ‘Vida Urbana” ainda são muito populares. Caiu no ostracismo ao longo de quase todo século XX por se opor e denunciar em suas obras os abusos cometidos contra os negros pelas tropas republicanas de Floriano Peixoto.

A lista vai longe.  Muito Longe !

 

Texto de Renzo Grosso e adaptações de publicações diversas

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