Música, Doce Música – Andrea True Connection

Diversos

Olhar para os anos setenta sempre provoca declarações do tipo: “Eu era assim ?” ou “Não, não é possível.”.  Mas era ! E provavelmente muito mais do que queremos lembrar.

Foi uma época de grandes transformações no estilo de vida (quase) comportado, nas roupas brilhantes, cabelos horríveis, as bandas multicoloridas e músicas embaladas por bateria, guitarras e violinos, que marcavam o tom da DiscoDance.

Não é possível falar dessa época sem lembrar de alguns ícones como Donna Summer, Barry White, Bee Gees (claro !) e milhares de outros que tiveram seus dias de fama nas paradas de sucesso.

Era o caso da jovem Andrea Marie Truden que sonhava em ser atriz.  Na busca pela fama, ela se mudou para Nova York na adolescência e fazia trabalhos como modelo esperando, um dia, ser descoberta para um bom papel. Mas ela não teve muita sorte nas pontas dos bons filmes que participou como “Almôndegas” com Bill Murray e “Nosso Amor de Ontem” de Sydney Pollack. Seu nome nem apareceu nos créditos.

Sem nenhum sucesso nas telonas, ela acabou no caminho do cinema erótico, que estava em franca ascensão. O seu maior sucesso, se é que podemos dizer isso, foi o filme “Garganta Profunda 2”, continuação do filme de mesmo nome que foi um marco do cinema, apesar do tema. Ocorre que esse mercado pornô não favorecia a carreira de ninguém, muito menos nos anos setenta.

Em 1975 ela foi contratada para gravar um comercial de TV na Jamaica. Ao terminar o trabalho, ela descobriu que, naquela época, a Lei jamaicana proibia que estrangeiros saíssem do país com dinheiro.

Com o cachê na mão, ela resolveu chamar seu produtor musical, ninguém menos que Greg Diamond – outro ícone da época – para produzir um disco na Jamaica e, assim, gastar o dinheiro. Greg voou para lá levando uma melodia e Andrea incluiu parte da letra.

Dessa história sem maiores pretensões nascia a música “More, More, More” (4º lugar na Billboard – ouça aqui) que se tornaria uma das mais tocadas em todo o mundo, levando a agora “Andrea True Connection” à fama que ela tanto sonhava.

Dois anos depois ela lançaria o álbum “White Witch” com a música “N.Y. You Got Me Dancing” (27º Billboard – ouça aqui), mas não repetiria o mesmo sucesso do primeiro. Em 1978, lançou um single com a música “What’s your name, what’s your number” (top 100, Billboard – ouça aqui).  E haveria ainda um terceiro album que nem sequer seria lançado.

A fama e o dinheiro não duraram muito tempo e a decadência chegou de vez em 1980 quando ela precisou voltar ao cinema pornô para se manter. A idade já não a ajudava nessa atividade que exigia atrizes bem mais jovens e os trabalhos foram ficando cada vez mais difíceis.

Pouco depois ela descobriu um tumor na garganta que a impediu de cantar. Ela se mudou para a Flórida e boa parte da sua renda ainda vinha de parte dos direitos autorais da música “More, more, more”.

Andrea morreu em 2011, aos 68 anos, sem muito destaque da mídia. Mesmo assim, pode-se dizer que ela conseguiu a fama que tanto perseguiu, mesmo que apenas por alguns anos.

Quem viveu aquele tempo, vai se lembrar dela para sempre.

NE – “Música, Doce Música“, 1933, é uma obra de Mario de Andrade.

 

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