O Futuro Dos Bancos

Cotidiano, Tecnologia

Veja que esta é uma visão de um consumidor dos serviços bancários e não de um economista ou banqueiro. Portanto, não espere por termos em economês ou outros idiomas além do português claro.  Ou seja, você não vai precisar de uma “Pedra de Roseta”.

Num futuro muito próximo, os bancos deverão aumentar ainda mais o uso da tecnologia,  e estender suas operações para melhor atender aos seus clientes e negócios. Isso exige que eles se automatizem ao máximo para que a distância entre as transações sejam as menores possíveis.

Até os anos 1990, os gerentes de agências bancárias eram pessoas com certa confiabilidade no trato dos investimentos. Quando um leigo tinha um dinheiro disponível para aplicação, eram eles, gerentes, quem davam as diretrizes para os melhores investimentos. Claro que ninguém tem bola de cristal e nem sempre eles acertavam, mas eram confiáveis. Além disso eles não eram substituídos com a frequência que acontece hoje.

Em resumo, havia uma história entre cliente e agência que hoje não existe mais.

Hoje em dia, os gerentes tem metas absurdas para cumprir e eles fazem qualquer coisa para isso. São substituídos regularmente e um correntista não tem mais a “história“, exceto se tiver muito, mas muito dinheiro na conta.

Há algum tempo atrás, eu tinha um dinheiro aplicado no Bradesco. A então gerente da conta, sugeriu que eu pegasse um empréstimo do banco e não mexer na aplicação. Mas a aplicação serviria como garantia para o empréstimo, ou seja, não poderia usar um só centavo enquanto não pagasse integralmente o “empréstimo“.

Funcionava assim: o banco me “emprestaria” a juros “baixíssimos” de  1% ao mês e a aplicação rendia cerca de 4% ao ano. Eu ainda questionei que essa conta não fechava e ela insistia alegando que meu dinheiro continuaria lá, rendendo!

É claro que eu me contive para não ser rude.

Dois meses depois, meu enteado disse que caiu na mesma conversa só que da gerente do Itaú. Pois é… metas são metas e elas estão cada vez mais absurdas. Hoje em dia os bancos são meros vendedores de produtos e exigem de seus vendedores, ou gerentes, que cumpram suas metas. A qualquer custo.

O talão de cheques é coisa do passado. O dinheiro de hoje circula com cartões plásticos como de crédito, débito, vale disso, vale daquilo… E tudo isso vira dinheiro na conta de alguém. Só que os emissores desses cartões ficam com cerca de 5% do total. Quer dizer, numa compra de R$ 100,00 à vista usando um cartão de crédito ou débito, eles ficam com R$ 5,00. De tudo o que você comprar !

Aí tem o (impossível de pagar) crédito rotativo de 15% ao mês (ou mais) que são cobrados de quem não consegue pagar a fatura integralmente. São mais de 400% ao ano e, para quem não conseguia nem pagar o mínimo, fica ainda mais difícil.

Anos atrás alguns bancos alardearam a venda dos imóveis onde estavam as agências, com a contrapartida de locarem o mesmo imóvel por até dez anos ! Muita gente caiu nessa, até porque era um ótimo negócio, mas ninguém se deu conta da tramoia.

As empresas financeiras não trabalham com visões de curto ou médio prazo. Elas fazem previsões de décadas e trabalham hoje para estarem preparadas até lá. Elas já previam que a automação bancária faria milagres e o número de agências diminuiriam. Lembra daqueles imóveis que foram vendidos e locados ? Agora muitos deles estão vazios, pois várias agências convergiram para uma só.

E agora vieram as fintechs. Para quem não sabe, as fintechs são as startups financeiras que podem ser traduzidas como “Tecnologia em finanças“. Elas oferecem serviços utilizando a tecnologia. Elas não tem agências, não tem gerentes, nem pessoal de apoio como caixas. Só trabalham através de apps e, se precisar de ajuda, tem o Whatsapp. Só isso.

O futuro vai ser assim. Aliás, ele já está assim. Todo mundo tem e já usou um aplicativo de banco no celular e realiza transações sem precisar de ninguém como gerentes, assessores, caixas… E isso só vai aumentar com o tempo. Os jovens de hoje não sabem o que é a figura de um gerente, exceto quando contada em tom de carochinha.

E ainda temos as cryptomoedas, o blockchain e tantas outras novidades tecnológicas.

Estamos na era digital e os millennials, ou a geração Y (também chamada geração do milênio, geração da internet), e as demais que vieram depois dela como a Z, W, Alfa…) estão bem mais adaptadas naquilo que nós, da geração Baby Boomers, ajudamos a criar. E como sugeriu Darwin, a espécie que sobrevive é aquela mais bem adaptada ao meio.

 

Texto de Renzo Grosso

Nota 1: Aí aparece a Febraban de vez em quando tentando explicar os juros altos no Brasil. É o verdadeiro primeiro poder. No mundo todo.

Nota 2: Não vamos esquecer que eles tem o poder de mudar uma regulamentação, como aconteceu na crise norte-americana de 2008.

Nota 3: Agora o nosso Congresso está querendo excluir o crédito rotativo e fixar os juros máximos dos cartões em 9%.  Os críticos dizem que isso vai restringir o consumo, pois as vendas não poderão mais serem parceladas.  Mas não dizem que esses juros do parcelamento estão inclusos no valor do produto…

Nota 4: em janeiro de 2024, o Congresso Nacional limitou os juros dos cartões de crédito a 100% do valor da dívida.  Os bancos não gostaram, mas alguma coisa eles vão fazer para recuperar a mamata.

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