O Último Imperador Alemão
Em 9 de novembro de 1918, Guilherme II, imperador da Alemanha e rei da Prússia e um dos homens mais poderosos da Europa era apenas um fugitivo depois que foi forçado a abdicar.
Grande parte da população via o ex-líder com desprezo. Depois de vários anos de guerra e muitas mortes, os alemães tiveram de admitir a derrota. O Império, por assim dizer, estava derrotado. E quem eles consideraram o responsável ? O supremo comandante Guilherme II.
A fuga
Guilherme II já não estava mais na Alemanha, mas em Spa, na Bélgica. E foi ali que, em 9 de novembro de 1918, dia da proclamação do fim da monarquia, ele tentava se mostrar como o homem forte: “E mesmo que nos matem a todos, não temo a morte! Não, daqui não saio!”, dizia.
Os alemães já não se interessavam pelas declarações de Guilherme II. E, já na madrugada do dia seguinte, ele fugiu para a Holanda. Assim, conseguiu escapar dos revolucionários e dos adversários, que queriam leva-lo ao tribunal.
Na Holanda, o ex-imperador virou uma curiosidade pública. Por algum tempo, o castelo de Amerongen, onde Guilherme II encontrou refúgio, foi sitiado: todos queriam ver o imperador sem império. E rapidamente o antigo monarca procurou uma nova residência.
O Exílio
Ele escolheu o palácio Huis Doorn, em Utrecht, na Holanda. É um burgo antigo do século 14. A propriedade, porém, não era do agrado de Guilherme e grandes reformas foram feitas para agrada-lo. Muita gente foi contratada para modernizar o local, construir um novo portal de entrada e renovar o prédio.
Isso tudo era financiado pela Alemanha. A república liberou uma parte dos bens de Guilherme que haviam sido confiscados. E mais ainda: dezenas de vagões de carga com móveis requintados, obras de arte, armas e vestuário saíram da Alemanha e foram para a Holanda.
Guilherme se instalou na Huis Doorn e tentou fazer o que um imperador faz melhor: uma corte.
O Grande Hobby
E ele vivia sonhando com o retorno à Alemanha. Depois do fracassado golpe de Estado tentado por Adolf Hitler em Munique, Guilherme escreveu a dois de seus antigos oficiais: “Se precisarem de mim é só me chamar, estarei sempre pronto a voltar.”
Mas ninguém sequer pensava em chamá-lo, pois era um homem detestado por todos. Mesmo assim, conseguiu juntar um bando de monarquistas para ouvir seus discursos monótonos.
Antissemita, ele descreveu, por exemplo, judeus e imprensa como uma “peste da qual a humanidade teria de se livrar de um jeito ou de outro”. Em 1927 escreveu: “Gás seria a melhor solução”, muito antes da chamada “Solução Final” de Hitler.
Enquanto isso, Guilherme II se entregava à sua verdadeira paixão: serrar madeira. Uma a uma, as árvores do parque adjacente à Huis Doorn caíram graças à vontade de Guilherme II. Alguém descreveu: “O parque fica cada vez mais pelado, as árvores tombam, uma atrás da outra.”
A Morte
Apesar de antissemita, Guilherme não era vem visto pelos nazistas que tomaram o poder na Alemanha, em 1933. Tampouco na fracassada democracia de Weimar. Para Hitler, não havia o menor propósito para trazer de volta o ex-monarca.
Antes de morrer em 1941, aos 82 anos de idade, Guilherme ainda disse que “Os alemães ainda irão amaldiçoar a bandeira com a suástica”. Ele está sepultado em Huis Doorn.
Hoje, o palácio é um museu que se dedica a mostrar os anos de exílio do último imperador alemão.
Texto de Renzo Grosso e Adaptações de publicações históricas