A Estátua da Liberdade no Egito

Cotidiano

Eis uma coisa de que muita gente nem desconfiava: a Estátua da Liberdade, um dos símbolos mais poderosos e prontamente associados aos Estados Unidos, era para, originalmente, ter sido instalada em Porto Said, no Egito, e não em Nova York!

De acordo com Erin Blakemore, do portal Smithsonian, a estrutura foi pensada para servir de “Colosso” na entrada do Canal de Suez.

Colosso de Rhodes

Se você achou que a revelação é surpreendente, aí vai mais uma informação inesperada: a intenção era que a estátua servisse para representar uma camponesa muçulmana, não a liberdade.

Segundo Erin, a estrutura da estátua foi projetada por Alexandre-Gustave Eiffel, o engenheiro responsável por criar a Torre Eiffel, de Paris, e desenvolvida pelo escultor Frédéric-Auguste Bartholdi — que se inspirou nos monumentos núbios colossais que ele viu em Abu Simbel durante uma viagem que ele fez ao Egito em 1855.

Templo de Abu Simbel

Abu Simbel, caso você não saiba, é um importante complexo arqueológico que consiste em dois grandes templos, o de Ramsés e o de Nefertari escavados na rocha e que ficam guardados por estátuas gigantescas. Pois Bartholdi ficou fascinado pelos monumentos e propôs a instalação de uma enorme estrutura para ser posicionada na entrada do Canal de Suez (que fica em Porto Said) na época de sua inauguração.

Ilustração do Canal de Suez

Bartholdi se baseou em figuras como o Colosso de Rodes para desenvolver a sua ideia e imaginou a imensa estrutura na forma de uma camponesa vestida com uma túnica e coberta por um véu — que representasse o Egito.

O artista idealizou uma estátua que serviria de farol com pouco mais de 26 metros de altura situada sobre um pedestal com quase 15 metros e, em um primeiro momento, batizou a obra de “O Egito Levando a Luz à Ásia”.

Maquetes da Estátua original

Conforme explicou Erin, Bartholdi chegou a apresentar o projeto de construção da estrutura a Isma’il Pasha — o então quediva do Egito —, mas, como muito dinheiro já havia sido investido na construção do canal, a proposta foi negada. No lugar da estátua, os egípcios instalaram um farol com cerca de 55 metros de altura em Porto Said, e o escultor francês, inabalado, “reciclou” sua ideia.

No fim, a estátua foi rebatizada de “A Liberdade Iluminando o Mundo” e foi presenteada pela França aos Estados Unidos em 1886 para marcar o centenário da aliança criada entre os dois países durante a Revolução Francesa.

Aliás, a estrutura quase foi instalada em Manhattan, antes de Bartholdi finalmente decidir que ela ficaria perfeita na Ilha de Bedloe, hoje mais conhecida como Ilha da Liberdade.

“Mas quando Bartholdi construiu a estátua, nos anos 1880, a escravidão era apenas uma memória (foi abolida em 1865). Por isso, escolheu-se uma imagem menos polêmica”, explica o acadêmico, referindo-se à substituição das correntes por placas com a data de independência dos EUA (4 de julho de 1776).

As correntes, porém, não foram totalmente abandonadas – estão aos pés da estátua, em cujo pedestal há ainda a gravação do poema The New Collossus, de Emma Lazarus, famoso pelos versos “Dê-me seus cansados, seus pobres/Suas massas ansiosas por respirar em liberdade”.

Berenson não crê que a conexão árabe – e possivelmente muçulmana – seja necessária para se fazer notar as contradições entre as políticas de Trump e os ideais que a estátua sempre simbolizou.

“É algo muito triste, pois a estátua sempre representou boas-vindas para as pessoas fugindo do sofrimento ou buscando refúgio.”

“E todos conhecem o poema e Emma Lazarus”.

“Mas agora parece que estamos rechaçando esses rendidos e pobres.”

Frédéric Bartholdi

 

Fonte: Internet / BBC / Publicações

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