O Mistério de La Navidad

Cotidiano

O La Navidad foi o primeiro assentamento europeu no novo continente (o nome América só viria a ser cunhado muitos anos depois – Veja Aqui) construído com os restos de uma das embarcações de Colombo.

Cristóvão Colombo

Primeiro forte europeu no “Novo Mundo” durou pouco e todos os seus ocupantes morreram em circunstâncias ainda pouco claras.

Era véspera de Natal em 1492. Cristóvão Colombo (1451-1506) e suas três embarcações já haviam chegado ao Caribe e percorrido algumas de suas ilhas. A bordo do Santa Maria, na costa norte de Hispaniola, o explorador genovês logo foi descansar, pois na madrugada do dia seguinte planejara se encontrar com um cacique local, Guacanagarí.

Já havia passado da meia-noite e o mar estava calmo.    Talvez por isso ninguém tenha se dado conta de que o barco estava se aproximando de um banco de areia.   Era tarde demais.

O Santa Maria encalhou e este naufrágio deu origem ao primeiro assentamento europeu no Novo Mundo.

Aquela era uma noite de lua cheia. Os gritos do grumete que vigiava acordaram a tripulação, muitos dos quais tentaram fugir em um barco para a Niña. O Santa Maria era uma nau, enquanto a Pinta e a Niña eram caravelas. A diferença ? Caravelas eram navios menores e menos bojudos que as naus. Uma nau podia ser um navio grande, usado para o comércio ou para a guerra.

Colombo mandou serrar os mastros e retirar tudo o que fosse possível da Santa Maria para reduzir seu peso e tentar desencalhá-la.

Caravelas Pinta e Niña e a nau Santa Maria

Mas esta era a maré mais alta do ano, então o explorador logo se deu conta de que a Santa Maria não se salvaria, pois a água não voltaria a subir tanto. Colombo então enviou seu homem de confiança, Diego de Arana, em busca de ajuda ao povoado de Guacanagarí, que ficava a cerca de sete quilômetros de distância.

Guacanagarí foi um dos cinco caciques taíno de Hispaniola que mandaram, segundo os diários de Colombo, “muitas canoas, muito grandes e com muita gente, para descarregar tudo da nau”.

Teria sido lógico, após tremenda negligência, que Colombo tivesse mandado enforcar o mestre e o marinheiro que abandonou a guarda, mas o explorador transformou seu desastre em oportunidade: a de estabelecer um primeiro povoado no que seria o Novo Mundo. O naufrágio também deu origem à primeira aliança entre espanhóis e indígenas.

Dois dias antes de encalhar, Colombo enviara um grupo de homens para falar com Guacanagarí, que dominava o cacicazgo Merien, e eles lhe trouxeram notícias animadoras.

Os reis Católicos – Isabela de Castela e Fernando de Aragão II

Em seus encontros com os nativos, os europeus haviam visto ornamentos de ouro e o explorador pensou que, embora a criação de um povoado não estivesse incluída nas capitulações (os documentos que os reis católicos acertaram com Colombo para a distribuição do benefícios trazidos pela expedição), o estabelecimento de um forte poderia ser útil para as viagens da coroa.

Além disso, os homens chegaram em três barcos e não ara possível acomodá-los em dois: alguns teriam de ficar.

Colombo decidiu então construir uma fortificação que os abrigasse até que pudesse retornar no ano seguinte em uma segunda viagem. Daria a este assentamento o nome de La Navidad, em memória à data do acidente.

Para essa construção, foram utilizados madeira de carvalho, pregos e tudo o que pudesse ser aproveitado do Santa Maria, que jazia no seu túmulo no arrecife, bem como outras matérias-primas da área. O forte tinha, segundo os diários de Colombo, “torre e fortaleza, tudo, muito bem, e uma grande adega”.

Em poucos dias, os marinheiros desbravaram a área e cavaram um fosso que delimitaria o povoado, onde construíram uma torre fortificada e algumas cabanas para abrigar os homens.

Arqueólogos e cientistas de todo o mundo procuram há décadas os restos desse forte que foi construído com a madeira do Santa Maria e que não durou nem um ano. Seu fim trágico, no qual nenhum de seus homens sobreviveu e alguns foram até crucificados, permanece um mistério até hoje.

Texto da BBC com adaptações.

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