O Turismo No Brasil

Cotidiano

A Torre Eiffel sozinha recebe mais turistas que todo o Brasil.   E o turismo de verdade não decola aqui por várias razões.   A começar pelos preços absurdos praticados por hotéis desde os de três estrelas até mesmo os resorts mais cobiçados do local.   Também conta a pouquíssima infraestrutura e a distância do Brasil aos principais centros mundiais.   O ponto mais próximo entre o Brasil e Europa está a cerca de sete horas de avião.   Isso corresponde a uma viagem entre Natal (RN) e Lisboa, em Portugal.  Ou Manaus (AM) a Miami (Flórida) em cerca de cinco horas.

Um hotel conceituado em Campos do Jordão me pediu o equivalente a cerca de 12 mil euros por uma semana entre o Natal e Reveillon.   Fomos para Portugal, pelo mesmo preço.

Continuando com a falta de estrutura, a localidade de Armação de Búzios, antigo bairro de Cabo Frio, resolveu se emancipar trazendo como musas da futura cidade a modelo Luiza Brunet e Brigitte Bardot, que esteve ali uma só vez, em 1964, na companhia de seu então namorado, Bob Zaguri, um marroquino radicado no Brasil.

Haviam bons restaurantes, pousadas e um pequeno bar chamado Chez Michou que era bastante concorrido por conta de suas panquecas.   A tranquila e linda vila de pescadores, que era bem cuidada (de certa forma) por argentinos, conseguiu se emancipar e virou um verdadeiro inferno.   Pipocaram loteamentos, pousadas, hotéis caros e péssimos, construções irregulares e uma porção de oportunistas de todo tipo.  O Chez Michou ainda está lá, mas perdeu todo o charme, assim como a Rua das Pedras de onde não se vê mais o mar graças às lojinhas que montaram ao longo da orla que, aliás, se chama Orla Bardot, decorada com uma estátua dela de aparência bastante esquisita.  Até recentemente, nem ela sabia disso.

Agora, os fins de semana são cheios de gente, ruas intransitáveis, praias imundas e nenhuma infraestrutura, especialmente de esgotos.

O mesmo aconteceu em várias praias do litoral norte de São Paulo.   Antes de existir a rodovia Rio-Santos, as praias eram magníficas porque pouca gente que se arriscava a verdadeiras odisseias para chegar lá.   Com a inauguração da pista e a mudança de traçado (para economizar), a rodovia serpenteou pela Serra do Mar e grudou nas praias trazendo os especuladores e mais oportunistas.

Na esteira desse “desenvolvimento”, anos atrás a Câmara Municipal de São Sebastião tentou aprovar a mudança do gabarito e plano diretor das praias da cidade.  Eles queriam permitir a construção de prédios de até nove andares.  A população não deixou!   Ainda bem, porque as praias seriam tomadas pela sombra desses prédios.

A Copa do Mundo de 2014 no Brasil, trouxe ao conhecimento geral uma vila à beira mar na Bahia chamada Santo André, em Santa Cruz Cabrália.   Os alemães alugaram uma pousada inacabada e ali fizeram o seu centro de treinamento e dormitórios.

Um lugar que ainda preservava suas origens e que, graças à Copa, está sendo descoberto pelo turismo.  E o que é pior: o turismo que não tem nenhuma responsabilidade.   Esse lugar ainda não foi emancipado, mas já está repleto de todo o tipo de gente.

Eu até era favorável a certas emancipações.  Não sou mais.  A verdade é o que se vê, não o que contam.

Obs: Os brasileiros voltam da Disney falando maravilhas dos parques principalmente da limpeza, mas vivem jogando lixo em qualquer lugar por aqui.

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