Monarquia no Brasil

Cotidiano

A monarquia no Brasil é sempre vista com desdém pela mídia. Insistem em falar mal de um regime que foi deposto, comprovadamente, por um golpe militar e que foi o responsável por grandes conquistas deste país.   Claro que nem tudo é cor-de-rosa, mas ao citar a família real, sempre o fazem mostrando uma casa simples da rua Itápolis, em São Paulo, com um carrinho popular na garagem, com o claro propósito de diminuir a importância da Casa Real.

D. Bertrand de Órleans e Bragança

A Casa Real Brasileira, comandada hoje por D. Bertrand, é apenas mais uma das associações deste país, pois não há mais nenhum tipo de título ou vínculo reconhecido rela República instaurada em 1889. Querem a volta da monarquia ao poder e, na minha opinião, isso não vai acontecer além do fato de estarem lutando de forma incorreta por uma causa absolutamente improvável.

D. Pedro II era um polímata de verdade. Um homem como poucos no mundo e ficou no Brasil a mando de seu pai, D. Pedro I, que foi para Portugal recuperar o trono que seu irmão, D. Miguel, havia usurpado.

Pedro de Alcântara, o futuro Imperador D. Pedro II, tinha apenas 5 anos quando Pedro I partiu e ele foi tutelado pelo melhor amigo de seu pai: José Bonifácio de Andrada e Silva que, aliás, foi o idealizador de uma nova capital brasileira a ser erguida no planalto central e com o nome de Brasília. Isso em meados de 1800.

Pouca gente se dá conta (ou não quer) que o Brasil Imperial era um modelo de desenvolvimento e tinha fortes relações com as famílias reais europeias.   A Família Real brasileira não é aquele pé-de-boi que muita gente imagina e que a mídia nos faz crer. Eles tem pedigree como qualquer casa real e grandes ligações com as casas reais da Europa: Sua mãe, Maria Leopoldina, foi a Arquiduquesa da Áustria, filha de Francisco II, último monarca do Sacro Império Romano-Germânico. Por sua mãe, Pedro era sobrinho de Napoleão Bonaparte e primo dos imperadores Francisco José I da Áustria e Maximiliano do México, o que fazia dele um verdadeiro Habsburgo, apesar de não ter esse sobrenome oficialmente e ter todos os traços físicos deles.

Napoleão Bonaparte

Mas, aí vão mais algumas curiosidades sobre D. Pedro II:

• A família imperial não tinha escravos. Todos os negros eram alforriados e assalariados, em todos os imóveis da família.

• D. Pedro II tentou, junto ao parlamento, a abolição da escravatura desde 1848. Uma luta contra os poderosos fazendeiros que duraria por 40 anos.

• D. Pedro II falava 23 idiomas, sendo que 17 era fluente. A primeira tradução do clássico árabe “Mil e uma noites” foi feita por D. Pedro II, do árabe arcaico para o português do Brasil.

• D. Pedro II doava 50 % de sua dotação anual para instituições de caridade e incentivos para educação com ênfase nas ciências e artes.

• D. Pedro Augusto Saxe-Coburgo era fã assumido de Chiquinha Gonzaga.

• A Princesa Isabel recebia, com bastante frequência, amigos negros em seu palácio em Laranjeiras para saraus e pequenas festas. Um verdadeiro escândalo para época.    Na casa de veraneio em Petrópolis, ela ajudava a esconder escravos fugidos e arrecadava numerários para alforriá-los.   Os pequenos filhos da Princesa Isabel possuíam um jornalzinho que circulava em Petrópolis, um jornal totalmente abolicionista.

• A ideia do Cristo na montanha do Corcovado partiu da Princesa Isabel.

Princesa Isabel

• Devido sua grande popularidade, D. Pedro II recebeu 14 mil votos na Filadélfia para a eleição presidencial norte-americana. Na época os eleitores podiam votar em qualquer pessoa nas eleições.

• Pedro II fez um empréstimo pessoal a um banco europeu para comprar a fazenda que abrange hoje o Parque Nacional da Tijuca. Em uma época que ninguém pensava em ecologia ou desmatamento, Pedro II mandou reflorestar toda a grande fazenda de café com mata atlântica.

• Quando D. Pedro II do Brasil subiu ao trono, em 1840, 92% da população brasileira era analfabeta.   Em seu último ano de reinado, em 1889, essa porcentagem era de 56%, devido ao seu grande incentivo a educação, a construção de faculdades e, principalmente, de inúmeras escolas que tinham como modelo o excelente Colégio Pedro II.

• A Imperatriz Teresa Cristina cozinhava as próprias refeições diárias da família imperial apenas com a ajuda de uma empregada (paga com o salário de Pedro II).

• (1880) O Brasil era a 4º economia do Mundo e o 9.º maior Império da história.

• (1860-1889) A média do crescimento econômico foi de 8,81% ao ano.

• (1880) Eram 14 impostos, atualmente são 98.

• (1850-1889) A média da inflação foi de 1,08% ao ano.

Francisco José I

• (1880) A moeda brasileira tinha o mesmo valor do dólar e da libra esterlina.

• (1880) O Brasil tinha a segunda maior e melhor marinha do Mundo, perdendo apenas para a da Inglaterra.

• (1860-1889) O Brasil foi o primeiro país da América Latina e o segundo no Mundo a ter ensino especial para deficientes auditivos e deficientes visuais.

• (1880) O Brasil foi o maior construtor de estradas de ferro do Mundo, com mais de 26 mil km.

• A imprensa era livre tanto para pregar o ideal republicano quanto para falar mal do nosso Imperador. “Diplomatas europeus e outros observadores estranhavam a liberdade dos jornais brasileiros” conta o historiador José Murilo de Carvalho.  Mesmo diante desses ataques, D. Pedro II se colocava contra a censura. “Imprensa se combate com imprensa”, dizia.

• O Maestro e Compositor Carlos Gomes, de “O Guarani” foi sustentado por Pedro II até atingir grande sucesso mundial.

• Pedro II mandou acabar com a guarda chamada Dragões da Independência por achar desperdício de dinheiro público. Com a república a guarda voltou a existir.

• Em 25 de junho de 1877, D. Pedro II foi eleito para a Academia de Ciências da França

• Em 1887, Pedro II recebeu os diplomas honorários de Botânica e Astronomia pela Universidade de Cambridge.

• A mídia ridicularizava a figura de Pedro II por usar roupas extremamente simples, e o descaso no cuidado e manutenção dos palácios da Quinta da Boa Vista e Petrópolis. Pedro II não admitia tirar dinheiro do governo para tais futilidades. Alvo de charges quase diárias nos jornais, mantinha a total liberdade de expressão e nenhuma censura.

• D. Pedro II andava pelas ruas de Paris em seu exílio sempre com um saco de veludo ao bolso com um pouco de areia da praia de Copacabana. Foi enterrado com ele. Durante o velório, sua cabeça descansava sobre um saco de terra do Brasil.

Maria Leopoldina da Áustria

• D. Pedro II morreu aos 66 anos, em 24 de novembro de 1891. Mais de 300 mil pessoas acompanharam o evento pelas ruas em Paris. O velório aconteceu na Igreja na Place Madeleine, também em Paris.

• Durante uma crise de fronteiras entre o Brasil e a então Guiana Inglesa, que ficou conhecida como a “Questão do Pirara”, um jornalista britânico achou estranho que o Imperador do Brasil andasse tranquilamente pelas ruas da cidade e sem seguranças.   Ao interpelar um cidadão, este teria respondido: “O povo faz a segurança do Imperador”.

• No dia da sua morte, o hotel Bedford, onde D. Pedro II vivia, recebeu mais de 2.000 telegramas de condolências enviados por políticos de todo o mundo.

• O governo francês exigiu e fez um funeral de chefe de estado para D. Pedro II. Ao contrário do que queria a representação brasileira em Paris.

• Em 1877, D. Pedro II fez questão de conhecer o escritor Vitor Hugo, republicano até os dentes. Quando D. Pedro II voltou para o Brasil, Vitor Hugo teria dito: “Ainda bem que não existam monarcas como D. Pedro II na Europa. Senão não haveria um só republicano”.

Família Imperial Brasileira – Última foto no Brasil

Texto de Renzo Grosso, com base na Biblioteca Nacional RJ, IMS RJ, Diário de Pedro II, Acervo Museu Imperial de Petrópolis RJ, IHGB, FGV, Museu Nacional RJ, Bibliografia de José Murilo de Carvalho.

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